Olhou-a e disse:
- És a minha vida alternativa.
- Como?, ofendeu-se ela, cheia de si, querendo o primeiro plano.
- Escolhi não viver-te. És o que poderia ter sido, mas não foi. E hoje estamos aqui. Uma história vazia de nós.
- Não. Eu escolhi não viver-te a ti. Eu escolhi não ter o drama, a dor, o tédio.
- A escolha foi nossa. Não vamos voltar ao mesmo erro. Vamos deixar de competir, de exigir vitórias e derrotas. Aceitemos um empate.
- Não temos que aceitar nada. Tu próprio o disseste. Eu não sou para ti. O nós não existe, tal como não existe qualquer hipóteses de pluralização. Existiu ontem, não existe hoje. Não existirá jamais.
- Não te dói?
- Dói, mas teria doído mais ter ficado contigo. Estar a insistir num nós inexistente.
- Porquê inexistente? Se tivesses feito essa opção seria real. Existiria.
- Não. Se não existe é porque nunca existiu. Porque nunca poderia existir. Não tinha lugar no mundo, na existência. O real não é uma escolha, é uma imposição.
- Porque dizes isso?
- Nunca escolhi ser uma história alternativa. Isso foi-me imposto. O real não foi uma escolha minha. Também não foi tua.
- Não foi minha?
- Não, não acredito que tivesses escolhido fazer de mim o plano B.
- Sim. Tu sempre foste o plano A.
- Pois. Só que o plano A não deu certo.
- É a vida.
- É o que dizem.
E cada um seguiu o seu caminho, pensando em qual seria o plano Z. As hipóteses estavam-se a gastar com o passar dos anos. As saudades pertenciam ao que não foi. A uma vida não vivida. A vida estava no fim, perceberam. E estava por viver. Com essa certeza, e esse lamento, continuaram a andar em direcções opostas. A busca pelo impossível era a sua realidade.
- És a minha vida alternativa.
- Como?, ofendeu-se ela, cheia de si, querendo o primeiro plano.
- Escolhi não viver-te. És o que poderia ter sido, mas não foi. E hoje estamos aqui. Uma história vazia de nós.
- Não. Eu escolhi não viver-te a ti. Eu escolhi não ter o drama, a dor, o tédio.
- A escolha foi nossa. Não vamos voltar ao mesmo erro. Vamos deixar de competir, de exigir vitórias e derrotas. Aceitemos um empate.
- Não temos que aceitar nada. Tu próprio o disseste. Eu não sou para ti. O nós não existe, tal como não existe qualquer hipóteses de pluralização. Existiu ontem, não existe hoje. Não existirá jamais.
- Não te dói?
- Dói, mas teria doído mais ter ficado contigo. Estar a insistir num nós inexistente.
- Porquê inexistente? Se tivesses feito essa opção seria real. Existiria.
- Não. Se não existe é porque nunca existiu. Porque nunca poderia existir. Não tinha lugar no mundo, na existência. O real não é uma escolha, é uma imposição.
- Porque dizes isso?
- Nunca escolhi ser uma história alternativa. Isso foi-me imposto. O real não foi uma escolha minha. Também não foi tua.
- Não foi minha?
- Não, não acredito que tivesses escolhido fazer de mim o plano B.
- Sim. Tu sempre foste o plano A.
- Pois. Só que o plano A não deu certo.
- É a vida.
- É o que dizem.
E cada um seguiu o seu caminho, pensando em qual seria o plano Z. As hipóteses estavam-se a gastar com o passar dos anos. As saudades pertenciam ao que não foi. A uma vida não vivida. A vida estava no fim, perceberam. E estava por viver. Com essa certeza, e esse lamento, continuaram a andar em direcções opostas. A busca pelo impossível era a sua realidade.