quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Alternativas

Olhou-a e disse:

- És a minha vida alternativa.

- Como?, ofendeu-se ela, cheia de si, querendo o primeiro plano.

- Escolhi não viver-te. És o que poderia ter sido, mas não foi. E hoje estamos aqui. Uma história vazia de nós.

- Não. Eu escolhi não viver-te a ti. Eu escolhi não ter o drama, a dor, o tédio.

- A escolha foi nossa. Não vamos voltar ao mesmo erro. Vamos deixar de competir, de exigir vitórias e derrotas. Aceitemos um empate.

- Não temos que aceitar nada. Tu próprio o disseste. Eu não sou para ti. O nós não existe, tal como não existe qualquer hipóteses de pluralização. Existiu ontem, não existe hoje. Não existirá jamais.

- Não te dói?

- Dói, mas teria doído mais ter ficado contigo. Estar a insistir num nós inexistente.

- Porquê inexistente? Se tivesses feito essa opção seria real. Existiria.

- Não. Se não existe é porque nunca existiu. Porque nunca poderia existir. Não tinha lugar no mundo, na existência. O real não é uma escolha, é uma imposição.

- Porque dizes isso?

- Nunca escolhi ser uma história alternativa. Isso foi-me imposto. O real não foi uma escolha minha. Também não foi tua.

- Não foi minha?

- Não, não acredito que tivesses escolhido fazer de mim o plano B.

- Sim. Tu sempre foste o plano A.

- Pois. Só que o plano A não deu certo.

- É a vida.

- É o que dizem.

E cada um seguiu o seu caminho, pensando em qual seria o plano Z. As hipóteses estavam-se a gastar com o passar dos anos. As saudades pertenciam ao que não foi. A uma vida não vivida. A vida estava no fim, perceberam. E estava por viver. Com essa certeza, e esse lamento, continuaram a andar em direcções opostas. A busca pelo impossível era a sua realidade.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Nacionalizações

Volto de férias para me deparar com uma noticia que, no minimo, classifico de 'engraçada'.

O governo Bushista norte-americano, esse que se diz tão a favor do mercado livre, onde os agentes devem ser todos privados e o Estado se deve abster de intervir, esse mesmo governo acabou de adquirir a Freddie Mac e a Fannie Mae.

Será um sinal da ruína e da queda desse sistema chamado Capitalismo, que quase todos classificam de 'eterno'?