sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Minaretes


Eu já nem me quero pôr a discursar sobre liberdades essenciais, preconceitos, medos ignorantes, etc. Não quero falar sobre proibições que me põem os cabelos em pé - quaisquer que sejam.

Mas realmente é preciso ser muito estúpido para querer banir monumentos que são verdadeiras obras de arte do próprio país.

Por isso queria convidar todos aqueles que queiram construir um minarete na Suíça e não o possam fazer, a vir para Portugal e construí-lo aqui. Ate porque temos mais sol, um clima mais ameno, e pessoas mais bonitas. E imensas terras começadas por Al onde o poderão fazer. No Algarve as chaminés já lembram pequenos minaretes, por isso talvez seja melhor enriquecer as paisagens e planícies alentejanas. A mim parece-me bem. Fora eu proprietária de um monte e oferecia já um hectarzinho para o fazerem. Mas, infelizmente, não sou detentora de um único centímetro quadrado de terra. Mas tenho a certeza que algum feliz agrário nacional ficará feliz por poder partilhar o espaço convosco.

Eu por mim, a proibir, proibia só uma coisa: os chamamentos a horas improprias. Só a partir do meio-dia. Aplica-se o mesmo às igrejas cristãs e aos seus sinos, claro.

Bem haja.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O Mar em Casablanca, Herta Muller e Hilary Mantel

Estou de volta porque tenho algumas coisas sobre as quais gostava de vos falar.

Não conheço a Hilary Mantel, que este ano ganhou o Booker. Vou ter que ler. Também não conheço a Herta Müller, que hoje ganhou o Nobel. Também vou ter que ler. Mas, apesar de não ter ganho o meu Philip (tenho dois Filipe, o Filipe e o Roth, espero que ambos ganhem o Nobel, mais cedo ou mais tarde), devo dizer que fico feliz por terem sido distinguidas duas mulheres de uma assentada. A Literatura começa a ser, finalmente, um território misto.

Também queria dizer que ontem estive no lançamento de O Mar em Casablanca, do Francisco José Viegas. E que, ao contrário do que tenho lido na blogoesfera alheia, não me parece que a festa tenha sido assim tão exclusivista, a ponto de suscitar ofensas. Eu, por mim, até recebi um convitezito via e-mail. mas não confirmei. Cheguei, entrei, bebi, comi, ouvi, conversei, fumei, e ninguém me perguntou o nome, ou questionou ali a minha presença. Garanto que é mais complicado entrar no Lux numa quinta à noite (e bem sabemos que aquilo hoje em dia é um deserto à quinta). E não há copos grátis. Por isso não se queixem. Ali nem há consumo mínimo obrigatório, que é como quem diz, só compra o livro quem quer. E quem não quer é parvo. Vale mais os euros do que 1 Hendrix e uma imperial no Lux. Digo eu, que prefiro os livros aos copos. E eu gosto muito de copos.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Fim

Como sempre, acabaram-se. O homem do machado não apareceu, as aranhas eram poucas, as baratas ficaram na cidade, a maionese nunca se estragou. Foram muitos os que apareceram, e a todos um voltem sempre, que as portas estão sempre abertas. Aos que não puderam ir, para o ano há mais.
E agora, de volta à escrita.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Férias



Nas Alfambras, no meio do nada.
Apareçam. É perguntar pelas duas histéricas que têm medo do homem do machado, do homem do facalhão, dos duendes, dos tubarões, e de coisas reais, como aranhas, baratas, mosquitos, abelhas e maionese estragada.
Acho que alguém saberá dar indicações. Senão, é seguir os gritos.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Tapenade

Decidi começar a escrever aqui algumas receitas. Não é por nada, mas já que mas pedem, então seja. Venham aqui e deliciem-se. Inspirem-se e façam.

Esta foi-me pedida hoje. É maravilhosa e aconselho vivamente.

Tal como eu, isto não tem nada de profissional. Apenas de amador. Tal como eu, que sou uma amante de boa comida. Assim sendo, não há quantidades exactas na maior parte das coisas, porque se faz a olho. É provando que se sabe o que faz falta ou está a mais. E que se tem prazer a cozinhar.

Enjoy.






Tapenade:

Azeitonas pretas, ou verdes, descaroçadas, em quantidade generosa. Eu prefiro usar duas ou três latas, para sobrar e guardar em frascos.

4/6 filetes de anchovas.

1/3 de um frasco de alcaparras.

1 fio de azeite.

Sal e pimenta.

Misturar tudo num processador - na Bimby tanto melhor. Ir vendo, de 10 em 10 segundos, para perceber quando está na consistência ideal. Provar e rectificar as quantidades.

Servir com tostas, pão de fatia alentejano ou qualquer outro de que se goste.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Estado encantatório


Estou absolutamente apaixonada por este senhor e tudo o que queria era que ele me pedisse em casamento (desculpa Filipe). Juro que me convertia ao Judaísmo só para poder ler os seus rascunhos e participar no seu processo criativo. Um dia destes deixo aqui alguma coisa escrita por ele. Vocês todos também se vão apaixonar. Homens e mulheres. Leiam, meus caros, leiam e maravilhem-se com aquele que é, talvez, o melhor escritor vivo. Eu até estou a ler em Inglês, meu Deus, e tudo o que quero é que o dia acabe para me enfiar na cama e ler páginas e páginas a fio. E nem a Ruth Rendell eu consigo ter motivação para ler em Inglês.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Descobri que existes


Graças a uns poderes adivinhatórios, e umas ajuda tecnológicas do amigo Google, descobri que existes. Que é como quem diz que existe alguém que me anda a ler no Brasil. Sim, és tu! Não olhes para o lado que não tenho vários leitores no Brasil. Tenho um e apenas um e por isso és tu. Sem enganos. Eu só não sei exactamente quem tu és. Homem, mulher, baixo, alto, magra, gorda.
Mas o que interessa é que tenho uma coisa a pedir-te. Não é muito, considerando o que recebes: estas minhas adoráveis (e grátis) palavras.
Posto isto...preciso mesmo de bikinis. Vá, já me contento com um. Daqueles torcidos, cai-cai, agora tão da moda, e que me ficam tão mal, mas paciência.
Pode ser de todas as cores: verde, branco, preto, azul, castanho, rosa, laranja, amarelo, roxo...eu sei lá. Pode ter padrão - adoro bolinhas e pintinhas brancas - pode ser liso, o que for.
De preferência daqueles que se vendem na praia, bem baratos, para poder olhá-lo com desprezo no próximo ano e po-lo de parte. Sem culpas.
Pronto, é isto. Não peço muito. E, se gostares mesmo daquilo que escrevo, também queria muito, muito, muito, muito umas havaianas, daquelas azuis, que não é bem turquesa, um bocadinho mais escuro, sabes quais são?
O bikini é L, as havaianas 35.
Obrigada. Podes enviar-me pelo correio, ou podes vir entregar-mo em mãos. Não sou esquisita. Olha, até te ofereço um café e falamos melhor. Até já.

Voltei

A pedido de muitas familias.

Agora digam-me sobre o que querem que escreva que estou sem ideias.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Seis factoides pedidos pela Mami


Uma estranha compulsão por destruir a pele

Uma estranha compulsão por livros policiais

Uma estranha compulsão por comida, café e cigarros

Uma estranha compulsão por sol

Uma estranha compulsão por birras, amuos, irritações e afins

Uma estranha compulsão por esquerdismos involuntários

quarta-feira, 11 de março de 2009

Rogério Casanova

Agora que se sabe quem ele é, o Rogério Casanova perdeu a piada toda. Já não vamos poder especular noite fora sobre quem seja tal pessoa e, ainda por cima, já não o vamos poder ler que acabou com o blogue ou fechou-o para os seus novos amigos,  a grupeta maravilha da nossa nata intelectual. O grupinho fechado. Os populares do Liceu (sim, que isto no fundo continua a ser um liceu, e a blogoesfera o recreio) já não são os giros, sexys, atraentes e burros, mas a malta cool dos blogues que até se pode dar ao luxo de ser feia e andar mal vestida. Agora, meus senhores, para a plebe resta comprar o livro, que o homem já escreve há muito tempo de graça. Claro que o livro já o lemos antes aqui no ecrã, antes de sermos excluídos, por isso vai ficar na FNAC a ganhar pó. Mas o romance está para breve, gentis pessoas, descansai. Ao que consta virá para as bancas em menos de um ano (depois não se queixem que eu não vos digo nada). Até lá, espero que não nos enjoemos todos com a digníssima pessoa, que está por aí citada em demasia. E tudo o que é demais, enjoa (gosto sempre de dar a minha contribuição para a ruína alheia e por isso estou a promover o enjoo). E agora vou ler o Le Carré, um verdadeiro senhor, de quem - julgo eu - o Rogério Casanova nunca falou. 

segunda-feira, 9 de março de 2009

Mulher

Ontem foi Dia Internacional da Mulher e não dei conta de nada. Ou talvez tenha dado. Estavamos três num carro. Do Alentejo para Lisboa. Duas mulheres e um homem. As duas à frente, ele atrás, encolhido no pouco espaço que lhe sobrava: o banco estava quase na totalidade preenchido por uma cama desmontável. O homem foi o primeiro a ficar no sossego do lar. Nós acabámos as duas a descarregar um carro cheio de malas e a transportar a cama para o seu devido lugar numa arrecadação lisboeta. Assim passámos o dia da Mulher. Com dores de costas. Mas com a certeza de sermos totalmente independentes.
Presentes, flores, jantares e afins tinham sido agradáveis, mas não se pode querer tudo, não é?

segunda-feira, 2 de março de 2009


Sinceramente ainda não consegui perceber como é que com tantos rios de tinta gastos sobre o tema, o assunto primordial ainda não foi abordado: a questão não é este quadro ser pornografia e pornografia não ser Arte, porque isso é simplesmente ridículo, como até as mentes iluminadas da GNR concluíram. A questão é que este quadro pode incentivar alguma jovem púbere ou, até, alguma senhora mais madura, a deixar crescer tamanha quantidade de, vamos chamar-lhe assim, 'penugem', a pensar que isso é sensualmente artístico. Ou, ainda mais grave, este quadro pode passar a ideia aos nossos jovens virgens e até, quiçá, a algum senhor de idade mais avançada que, por um motivo ou por outro, se mantém até agora casto, de que as mulheres não conhecem técnicas depilatórias. É que com esta visão, convenhamos, não são muitos aqueles que, desconhecendo a realidade, terão grande vontade de a conhecer. Muito menos de a adorar e explorar convenientemente. O que não é nada positivo. Assim sendo, e embora não recomende a apreensão do livro, recomendo, isso sim, um pequeno asterisco, apenas a lembrar que isto é um quadro, não uma fotografia e que, como tal, não representa a realidade. Não só esta densidade pilosa não é habitual, como seria imediatamente eliminada por qualquer mulher. Ou quase, que alguma se pode deixar influenciar por esta imagem.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009




Não me venham com dogmas de que um casamento é mais válido do que outro, apenas pelo género dos intervenientes.

Para mim o casamento não é a união entre duas pessoas de sexos opostos. Para mim o casamento é a união entre duas pessoas que se amam, respeitam, e querem passar o resto da vida juntas, apoiando-se e ajudando-se, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença. E isso, deverá ser a única coisa que interessa.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Carta aberta ao Senhor Aflito

Caro Senhor,
Por enquanto a sua identidade permanece-me desconhecida. Eu nem sei se é português ou inglês, homem ou mulher. Mas tenho para mim que deve estar muito aflito e preocupado, com medo de que lhe descubram os 4 milhões. É complicado. Na verdade, cara pessoa, a prisão é um sério risco que enfrenta (embora, convenhamos, em Portugal só o Vale e Azevedo é que vai preso e não me parece que você seja ele). Em todo o caso, o cárcere é uma possibilidade. Bem como as chatices que podem advir de alguém, especialmente alguém dos jornais, descobrir que é você que tem ficou com o dinheiro. Vão escrutiná-lo e colocar a sua cara e o seu nome em todas as capas dos matutinos.
Ora eu por mim, que sou boa pessoa e não tenho uma imagem pública a defender, queria apenas dizer-lhe que se precisar dos meus préstimos pode contar comigo para lhe ocultar esses euros. Sinta-se livre de o depositar na minha conta. Não é uma offshore, é da Caixa Geral de Depósitos, como boa portuguesa que sou. Mas não se preocupe comigo, que eu resolvo os meus problemas. Se quiser, faça depósitos de 499 euros, porque a partir dos 500 há aquela questão dos impostos a pagar pelas doações.
Se precisar do meu nib é só escrever-me para o endereço de e-mail disponível no canto superior direito da página.
Ainda não fiz nenhuma boa acção este ano, e já vamos no final do mês. Por isso escolhi ajudá-lo a si, porque penso que seguramente estará muito aflito, com esses 4 milhões a queimarem-lhe os dedos e a carteira e sinto que é, por isso, meu dever ajudá-lo, num momento em que ninguém se parece preocupar com o seu bem-estar.
Sem mais de momento, atentamente,
Rita