quarta-feira, 14 de novembro de 2007

No principio era o verbo

Pois. As linhas dos dias então. Todos os dias, ou quase todos, têm linhas. Alguns só têm uma letra. Esses são tristes. Mas a maior parte tem pelo menos duas, três, quatro letras. Juntas, formam uma palavra. Pelo menos uma interjeição. Já é qualquer coisa, penso. Uma linha é de certeza.

Podemos fazer parágrafos simples. Às vezes uma palavra diz muito mais que 99. Há aqueles parágrafos cheios de paradoxos, hermenêuticas, paradigmas, nomeadamentes e mormentes. São linhas e linhas, de letras, palavras e pontuações, que não dizem nada. Ficou igual quem escreveu. Ficou igual quem leu. Depois há parágrafos simples, que nos mudam. Mudam quem escreve. Mudam quem lê.

Há um que, a mim, me toca sempre. Deixa-me diferente daquilo que era. Provoca-me sensações.

«Fim.»

É o parágrafo mais duro. Mas é também o mais simples. E aquele que sempre transmite alguma coisa.

As linhas dos dias é um espaço assim. Para mormentes e para fins. Para criar um fio que conduz os dias. Por palavras, claro. Sou uma mulher da palavra. E não quero mais palavras engasgadas.

Deixem aqui também as linhas dos vossos dias. Mesmo que seja só uma letra. Ou mesmo que sejam linhas sem fim.

A palavra, pois.

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