quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Dos livros que leio - Machado de Assis

«É de crêr que D. Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores dos seus dias: - Aqui estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam: - Chamámos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para o outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e a sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamámos, num momento de simpatia.»

In Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

Há vidas assim. Demais, até. Só não escrevo a preto porque senão não liam e eu não sou o João César Monteiro. Estou mal-disposta. Não digo mais nada.

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