sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Carta aberta ao Senhor Aflito

Caro Senhor,
Por enquanto a sua identidade permanece-me desconhecida. Eu nem sei se é português ou inglês, homem ou mulher. Mas tenho para mim que deve estar muito aflito e preocupado, com medo de que lhe descubram os 4 milhões. É complicado. Na verdade, cara pessoa, a prisão é um sério risco que enfrenta (embora, convenhamos, em Portugal só o Vale e Azevedo é que vai preso e não me parece que você seja ele). Em todo o caso, o cárcere é uma possibilidade. Bem como as chatices que podem advir de alguém, especialmente alguém dos jornais, descobrir que é você que tem ficou com o dinheiro. Vão escrutiná-lo e colocar a sua cara e o seu nome em todas as capas dos matutinos.
Ora eu por mim, que sou boa pessoa e não tenho uma imagem pública a defender, queria apenas dizer-lhe que se precisar dos meus préstimos pode contar comigo para lhe ocultar esses euros. Sinta-se livre de o depositar na minha conta. Não é uma offshore, é da Caixa Geral de Depósitos, como boa portuguesa que sou. Mas não se preocupe comigo, que eu resolvo os meus problemas. Se quiser, faça depósitos de 499 euros, porque a partir dos 500 há aquela questão dos impostos a pagar pelas doações.
Se precisar do meu nib é só escrever-me para o endereço de e-mail disponível no canto superior direito da página.
Ainda não fiz nenhuma boa acção este ano, e já vamos no final do mês. Por isso escolhi ajudá-lo a si, porque penso que seguramente estará muito aflito, com esses 4 milhões a queimarem-lhe os dedos e a carteira e sinto que é, por isso, meu dever ajudá-lo, num momento em que ninguém se parece preocupar com o seu bem-estar.
Sem mais de momento, atentamente,
Rita

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